Nas imagens a seguir tem eu sentado aqui no meu ateliê, na minha área de trabalho. Aqui eu tava lixando. Aqui tem vários materiais, madeira encontrada nas dunas, madeira antiga. Aqui tem uma peça que eu fiz, que é um cajueiro, com uns cajus, uns pássaros, umas folhinhas; tem uma corujinha também. Tem vários materiais que eu cato nas dunas, tem material do coqueiro, da carnaubeira, imburana, hortênsia, tudo material que eu pego nas dunas para fazer as minhas artes. Tem tinta, tem as tintas que eu pinto, tem várias cores.  Tem meu material que eu uso também, ferramentas, furadeira, tem serra, faca, alicate… tudo é material que eu preciso para fazer os artesanatos.

Boa tarde, meu nome é Alonso. Sou filho do Mestre Cheirinho, sou da Comunidade Quilombola do Cumbe, Aracati, e trabalho com artesanato, aqui são as minhas artes, todo de material encontrado nas dunas. E desde os 12 anos eu aprendi com meu pai vendo ele fazer e tive o interesse de fazer, também, começar a fazer. E até hoje eu vivo do artesanato. Procuro materiais nas dunas, nas praias, todo material é árvores antigas, todo material que a gente pega são árvores que já morreram, já, com tempo, e a gente aproveita. É uma grande importância que a gente aproveite da natureza. E também a gente passa essa arte para mais adiante, para não deixar morrer, é uma grande importância para não deixar essa arte acabar. É de grande importância para a comunidade e também levar o nome da comunidade mais para fora, mais para longe, porque a gente vende para vários cantos do Brasil e até para fora também, a gente vende. Tem peça que a gente encontra nas dunas já no formato do animal, não tem nem muito trabalho de fazer, a natureza mesmo ela já dá a peça pronta, quase pronta. Aí a gente manda para vários cantos, encomenda de São Paulo, por exemplo, a gente manda para lá, também. E aqui eu aprendi com meu pai e também já tô passando pro meu filho, também, para não deixar essa arte morrer. Por isso é muito importante.