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Rio Jaguaribe
 

Ponto 06
 

No vídeo nós temos o rio Jaguaribe, que em tupi guarani quer dizer “rio das onças”, nas proximidades da Comunidade Quilombola do Cumbe. O rio Jaguaribe é salgado. Nós vamos estar vendo ao longo do rio uma vegetação que predomina de mangue - do mangue manso, do canoé, do sapateiro - e também de carnaubeira, que é uma palmeira muito presente na nossa região. A imagem está sempre mostrando o rio Jaguaribe com muita água, porque ele está na maré cheia. O rio é um braço do mar, então aqui nessa região é onde ele vai desaguar no Oceano Atlântico. O Cumbe fica na margem direita do rio Jaguaribe, sendo a última comunidade.

A importância do rio para nós aqui é igualmente a importância do mangue, que um precisa do outro para sobreviver. E também o caranguejo, para existir no manguezal, tem que ter o rio. A produção do rio é gigantesca, porque fora da área de mangue, o estuário do rio Jaguaribe tem muita produção de marisco, de peixe, de crustáceo; tudo vem do rio. A ostra, a intam, o sururu, o búzio, o siri, o peixe, várias espécies de peixe; além de ser um berçário da vida marinha, o rio junto com o mangue. 

E aí é onde várias famílias aqui do Jaguaribe – não é só o Cumbe, é várias comunidades que vivem nas margens do rio Jaguaribe –, é sustentada por esse rio Jaguaribe. Na pandemia fechou tudo, mas quem morava nas margens do rio Jaguaribe só tava temendo a morte, porque o alimento nós tinha. Nós morava nas margens do rio. Várias comunidades, você subindo no Jaguaribe, da foz do rio até onde a gente considera navegável, que é Itaiçaba, tem várias comunidades que vive do rio Jaguaribe. Tira seu sustento, é o momento de lazer, é momento de trabalho, é momento de descontração, é momento de cultura, tudo isso o rio Jaguaribe nos dá. Aí imagina a importância desse rio para nós aqui, é muito grande. Não é só pro Cumbe, é para várias comunidades, várias famílias. 

E não é pouca família não; se você subir aqui o rio Jaguaribe, na hora que você entrar no rio Jaguaribe – não importa qual seja a hora, não –, tem gente trabalhando. Pode ser uma hora da madrugada, pode ser meia-noite, pode ser uma hora da manhã, à tarde, toda hora, se você entrar no rio tem gente pescando. Porque tem várias marés de pescaria. E o pescador, ele depende da maré. Tem um um tipo de pescaria que é na maré cheia, tem outro que na maré parada, tem outro na maré seca, tem outro que é na maré cheia; tem um que é só à noite, tem um que é só durante o dia, tem um que é durante o meio-dia. Aí toda hora tem gente no rio. A gente chama “a nossa mãe”, o rio Jaguaribe. Mãe de muitos filhos, porque ela dá o sustento a todo mundo.

E é do mesmo jeito do mangue, não tem nenhum nenhum tipo de preservação. Quem preserva é a gente aqui, é poucas comunidades que preservam o rio Jaguaribe, a principal comunidade é nós aqui do Quilombo do Cumbe, que ainda batalha, trabalha muito para poder viver no rio Jaguaribe. As gestões, o poder, não tão nem aí pro rio Jaguaribe, só querem usufruir do rio, só querem mostrar o rio como um canto de turismo, uma coisa linda – para turismo, para a preservação não. Eles mostram o rio Jaguaribe como o rio mais importante do Ceará, o rio que nasce em Tauá e deságua no Fortim, mas eles não querem preservar. Cada vez destruindo, agredindo o rio Jaguaribe. E é muito preocupante porque o rio está sendo assoreado, estão desmatando as margens do rio e ele está se aterrando. Isso é muito preocupante, porque aterrando o rio não tem mais como a água fazer a caminhada dela. Isso aí cada vez mais tá sendo mais assoreado, mais aterrado, tem locais aí que você não consegue mais navegar. Espécies de peixe que tinha naquele local, que é peixe de água profunda, não tem mais, porque o rio tá seco. Várias espécies que a gente via no rio, não tá tendo; umas espécies que não tinha, tá tendo. Está tendo um desequilíbrio ambiental por causa da não-preservação do rio. Porque eles querem só usufruir. Na margem do rio, além do desmatamento estão construindo vários empreendimentos de carcinicultura, que é o que mata o rio. Se quiser matar o rio, você instala a carcinicultura nele, porque ele vai tirar água limpa e jogar água suja, tirando água limpa do rio e jogando água suja. Isso aí, com o tempo, vai começar a vir as sequelas, que é a mortandade do mangue, a poluição do rio, a salinidade do rio, tudo isso tá acontecendo aqui. Mas o rio Jaguaribe, pra região aqui do Vale do Jaguaribe,  principalmente o Cumbe, é essencial, é a nossa vida esse rio.

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